Dezoito associações políticas e sociais, assim como cerca de uma centena de cidadãos em nome individual subscrevem o comunicado sobre a Greve Geral e a repressão policial verificada no seguimento da manifetação junto á Assembleia da República .
Este comunicado foi ontem apresentado em conferência de imprensa junto ao Ministério da Administração Interna .
O dia 14 de Novembro foi um dia histórico. Por
toda a união europeia e em vários países do mundo realizaram-se greves gerais e
protestos nunca antes vistos. Em Portugal, milhares de trabalhadores e
trabalhadoras fizeram uma greve geral contra as políticas deste governo e da
troika, numa das maiores paralisações registadas. Nesse dia decorreram também
várias manifestações com elevada participação.
Repudiamos a carga policial injustificável e
indiscriminada que ocorreu nesse dia, sob ordens do Governo. Soubemos de resto
que comerciantes da zona tinham sido ainda antes da manifestação avisados pelas
autoridades para fechar os seus estabelecimentos, o que nos leva a concluir que
independentemente dos acontecimentos, estava prevista uma carga policial.
As forças de segurança feriram mais de 100
pessoas, o pânico que se seguiu podia ter redundado numa tragédia. A própria
Amnistia Internacional Portugal já condenou publicamente o uso excessivo de
força policial. Na hora que se seguiu, as forças de segurança procederam à
detenção de várias dezenas de pessoas, em zonas tão distantes como o Cais do
Sodré; algumas nem tinham estado em frente à Assembleia da República. Durante
muitas horas, a polícia não revelou a familiares e advogados/as o local em que
se encontravam as dezenas de pessoas detidas, nem as deixou falar com elas.
Muitas das 21 pessoas que foram levadas para o tribunal criminal de Monsanto
foram forçadas, sob ameaça, a assinar formulários que se encontravam em branco.
Todos os testemunhos que nos chegam comprovam, tal como a ordem de advogados já
salientou, a existência de inúmeras ilegalidades nos processos de
detenção.
Exigimos por isso a instauração de um inquérito
à actuação das forças de segurança bem como aos termos em que foram efectuadas
as detenções e demonstramos a nossa total solidariedade com todas as pessoas
detidas e vítimas da repressão na noite de 14 de Novembro.
Estamos perante uma operação política e
policial que, a pretexto de incidentes tolerados durante mais de uma hora e
transmitidos em directo pelas televisões, pretende pôr em causa o direito de
manifestação, criminalizar a contestação social, e fazer esquecer as medidas de
austeridade impostas, de extrema violência e que levam à revolta e ao desespero
das pessoas. Temos plena consciência que o governo pretende impor a sua política
e a da troika, de qualquer forma, inclusive pela repressão política e a
liquidação de grande parte das liberdades democráticas. A liberdade está a
passar por este combate e, por muito grande que seja a repressão, não vamos
assistir em silêncio a um retrocesso histórico de perdas de direitos duramente
conquistados.
Recusamos que um dia nacional, europeu e
internacional de mobilização histórica contra as políticas de austeridade seja
desvalorizado ou esquecido, quer pela comunicação social, quer pelo governo.
Somos cada vez mais a contestar este regime de austeridade e não nos calaremos,
por isso apelamos à mobilização no dia 27 de Novembro, dia de aprovação do
Orçamento do Estado.
Subscritores Colectivos:
ACED, Associação de Combate à Precariedade –
Precários Inflexíveis, Attac Portugal, CADPP, Clube Safo, CMA-J Colectivo Mumia
Abu-Jamal, Colectivo Revista Rubra, Indignados Lisboa, Marcha Mundial das
Mulheres – Portugal, MAS – Movimento de Alternativa Socialista, Movimento Sem
Emprego, Panteras Rosas, PCTP/MRPP. Plataforma 15O, RDA69 – Recreativa dos
Anjos, Socialismo Revolucionário, SOS Racismo.
Subscritores
Individuais:
Adriana Reyes, Alcides Santos, Alex Matos
Gomes, Alexandre De Sousa Carvalho, Alexandre Lopes de Castro, Alice da Silveira
e Castro, Alípio de Freitas, Ana Benavente, Ana Catarina Pinto, Ana Rajado,
Andre Carmo, Ângela Teixeira, Antonio Barata, António Dores, António Mariano,
António Serzedelo, Bernardino Aranda, Bruno Goncalves, Carlos Guedes, Carolina
Ferreira, Catarina Fernandes, Catarina Frade Moreira, Clara Cuéllar, Cláudia
Figueiredo, Daniel Maciel, David Santos, Eduardo Milheiro, Eurico Figueiredo,
Fabian Figueiredo, Fernando André Rosa, Francisco d’Oliveira Raposo, Francisco
da Silva, Francisco Furtado, Francisco Manuel Miguel Colaço, Gonçalo Romeiro,
Guadalupe M. Portelinha, Gui Castro Felga, Helena Romão, Isabel Justino, Joana
Albuquerque, Joana Lopes, Joana Ramiro, Joana Saraiva, João A. Grazina, João
Baia, João Labrincha, João Pascoal, João Valente Aguiar, João Vasconcelos Costa,
Jorge d’Almada, Jorge Fontes, José Luiz Fernandes, José Soeiro, José Nuno Matos,
Judite Fernandes, Lidia Fernandes, Lúcilia José Justino, Luís Barata, Luís
Júdice, Luis Miranda, Luna Carvalho, Magda Alves, Mamadou Ba, Manuel Monteiro,
Manuela Gois, Margarida Duque Vieira, Maria Conceição Peralta, Maria Paula
Montez, Mariana Pinho, Marta Teixeira, Martins Coelho, Nuno Bio, Nuno Dias, Nuno
Ramos de Almeida, Olimpia Pinto, Paula Gil, Paulo Coimbra, Paulo Jacinto, Pedro
Jerónimo, Pedro Páscoa, Pedro Rocha, Raquel Varela, Renato Guedes, Ricardo
Castelo Branco, Rita Cruz Neves, Rita Veloso, Rodrigo Rivera, Rui Dinis, Rui
Duarte, Rui Faustino, Rui Ruivo, Sandra Vinagre, Sérgio Vitorino, Sofia Gomes,
Sofia Rajado, Sónia Sousa Pereira, Teresa Ferraz, Tiago Castelhano, Tiago
Mendes, Tiago Mota Saraiva, Tiago Santos, Tiago Silva.
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